POEMAS e PENSAMENTOS


XADREZ FILOSÓFICO

É mesmo muito fácil jogar xadrez, um pequeno punhado de peças, distribuídas em um tabuleiro com 32 espaços, submetidas a um tanto de regras, dentre movimentos, estratégias, e até prever, com certeza matemática, as jogadas de seu adversário, isto pra não correr o risco de levar xeque-mate e perder o jogo... percebe como é fácil o jogo de xadrez?
Bom, perceba uma outra coisa, simples e fácil de entender, observe como é tênue e sutil a linha que separa o fácil do difícil. Num jogo como o de xadrez a dificuldade está para além daquilo que se observa no físico, na materialidade, por assim dizer, do jogo, ela quase não existe se você não a percebe, no entanto, é matematicamente preciso tudo o que se faz, eu disse tudo, durante o jogo, isso o torna fácil.
Aí está, fácil e difícil, tudo junto, tudo ao mesmo tempo, referindo-se ao mesmo objeto, e também a mesma pessoa que manuseia o dado objeto, e ainda, é possível dizer, das escolhas que se faz referentes ao objeto manuseado, das conclusões e de tudo o que gira em torno desta situação que nos está sendo posta aqui, tão fácil e tão difícil não?
Então, isso pra perguntar: o que é a filosofia? O que é o pensar filosófico? Todo pensar é filosofia? Pra que serve filosofia? Perguntas aparentemente com respostas facilmente dadas, praticamente respondidas, porém com uma difícil precisão teórica se dariam estas respostas.
Melhor método não há do que a comparação, assim como fez Deleuze, trazendo da própria botânica o conceito de rizoma, e o aplicando na filosofia, assim como fizeram os primeiros filósofos, na grécia antiga, de Tales de Mileto a Empédocles, que se serviam de coisas da natureza para tentar explicar a origem de todas coisas, na busca por um arché.
Como eu dizia, não nada melhor que a comparação pra exercer uma possível via de resposta, um fio condutor do pensamento, que ainda não é filosofia, que aos poucos se encaixa e faz acontecer aquele clarão, eu diria, na mente, ou aquela espécie de insight, dir-se-ia hoje, nas ideias.
Voltemos ao nosso primeiro exemplo, que pode significar tantas coisas, mas aqui ele quer significar esta resposta, o xadrez é como a filosofia, ou seria, a filosofia é como o jogo de xadrez? Não saberia precisar qual dos dois é mais antigo e que daria surgimento ao outro, não que um tenha surgido em causa do outro, mas apenas a encargo desta exemplificação.
Vamos trabalhar melhor este exemplo, em busca do nosso insight. Assim, primeiro, imagine o tabuleiro de xadrez, você deve ter em mente como é, com os espaços que se intercalam em brancos e pretos, num total de oito por oito casas, que nos oferecem aí 32 quadrados monocromáticos para que o jogo transcorra e ali aconteça a famosa guerra, por assim dizer, intelectual.
Eis o nosso tabuleiro, em que se estabelecem as peças, pense ele então como uma grande e larga linha do tempo, mas não torne difícil este exemplo, visto sua facilidade, ao lembrar-se da teoria da relatividade de Einstein. Imagine a tabuleiro como o tempo, e por conseguinte, obviamente, o espaço em que o tempo decorre, sendo quase impossível imaginar o tempo transcorrendo fora de um espaço, o próprio tempo é espaço. Einstein deve explicar melhor do que eu, talvez até Newton e este filósofos/cientistas do período moderno.
Dado o nosso universo de tempo e espaço, um pouco delimitado talvez, mas nem todo exemplo é um bom exemplo, nem toda a comparação é uma boa comparação, mas esta o é ao menos para o télos aqui almejado, mesmo que não seja em suas especificidades, eis o primeiro passo.
O nosso tabuleiro/universo está em nossa frente, próxima etapa, colocar as peças nos seus respectivos lugares de início de jogo, e já que estamos sob o título nada abrangente de ‘filosofia’, logicamente, os peões, as torres, os cavalos, os bispo, os reis e as damas, seriam, para fins de comparação, lembrando que se trata de um exemplo, nada mais nada menos que os renomados filósofos que a história já nos presenteou.
Aqui esta o cerne deste exemplo, a espinha dorsal que move o corpo pensante deste raciocínio, cada peça, e em cada diferente casa posicionada tem sua racionalidade, há nelas uma razão, e também não inúmeras, mas muitas possibilidades, presentes e futuras, de uma ação, já previamente pensada, ou surpreendentemente nova, para ser executada.
Imagine agora, que cada quadro, branco ou preto, seja um período da história, e agora, ponha ali uma das peças de nosso jogo. A história parece transcorrer por aquelas pessoas, no nosso caso, filósofos, pensadores importantes, que, de certo modo, nos seus afazeres subjetivos, movem a história, mas não sabem o rumo a que as coisas tomarão.
Nesse modo de pensar, o nosso exemplo parece ter ultrapassado a realidade, pois o jogo de xadrez, se avançarmos para um nível de dificuldade na sua compreensão, pode ser previamente calculado em seus movimentos, mas será que a história também não? Bom, com certeza a maioria dos acontecimentos teve conseqüências inesperadas, como o caminho das índias e sua relação com o descobrimento do Brasil. Voltemos a nossa reflexão.
Para fins metodológicos, digamos que Tales de Mileto foi a primeira a se mexer, a ocupar um quadro na história. Aí, a direção que seus pensamentos irão tomar, ou o movimento da peça durante o jogo irão determinar, no mínimo o fil da partida, pois, sabemos, no jogo de xadrez cada detalhe, cada peça tem seu valor e sua importância.
Avancemos um pouco nos movimentos do jogo, ou seja, analogamente, avancemos um pouco no decorrer da história, pensadores tomaram posição frente ao discurso de seus predecessores, lançando até mesmo novas teorias, posicionando as peças em lugares estratégicos, para um possível jogada futura, e a cada lance, a cada movimento, muitas outras oportunidades surgindo, uma gama de pensamentos e filosofias aparecendo em cada novo posicionamento e direção deste grande jogo de xadrez.
Algo que comumente acontece no desenrolar de uma partida destas é que algumas peças são por outras capturadas, saindo de jogo. Olhe para a história da filosofia, pensadores que, no desenrolar de seu raciocínio, desenvolveram argumentos, teses, que anulavam outras, e acabavam caindo no esquecimento, no desuso.
Em contrapartida, há uma regra, no jogo de xadrez, em que, quando o peão chega no oitava casa, em seu lado oposto, pode substituir-se por uma outra peça já capturada. Do mesmo modo, a muitas filosofias e pensamentos que são resgatados no percurso histórico justamente por sua necessidade de dar respostas algumas situações, assim como a peça que foi resgatada de exílio.
Vamos avançar ainda mais neste raciocínio, e, de repente, ponha-se no meio de um jogo de xadrez, algumas peças já capturadas, há muitas possibilidades, muitas jogadas a se fazer, visto só termos um único objetivo, chegar ao fim da partida, dar um xeque-mate no rei inimigo. Observe bem esta situação, e coloque-a agora na filosofia, o que temos aí senão a nossa contemporaneidade?
Um sem número de possibilidades de raciocínio, tantas outras oportunidade de pesquisa, linhas e linhas e pensamento deste ou daquele autor dando seguimento à defesas e refutações de argumentos, de Aristótes de argumentos, de Arist de pesquisa, linhas e linhas e pensamento deste ou daquele autor dando seguimento, defesas e refutaçeles à Féliz Guatarri, de Tales de Mileto à Zygmunt Bauman, de Platão, passando por Santo Agostinho até Martin Heidegger, imagine todos estes, na mesma temporalidade, sendo usados todos os seus discursos, em defesa de tantos outros novos.
Qual a finalidade de tudo isso? qual o porque de tantos porquês? onde queremos chegar? será que ao mesmo fim que o objetivo do nosso exemplo, cercar o rei inimigo e finalizar a partida? mas de que inimigo estaríamos falando? nós mesmos seríamos então nossos próprios grandes inimigos? um fato, não há resposta para todas as perguntas, existem apenas percepções, deduções e induções, nem tão matematicas quanto no xadrez, porém surpreendentes quanto numa boa partida entre ilustres jogadores.
Eis um elemento novo, os jogadores desta partida, que seriam o que em nossa grandiosa contemporaneidade? em nosso lógico raciocínio, seria ilógico pensar algo, se não Deus, que esteja acima do tempo e do espaço, da mesma forma que os jogadores do xadrez estão em relação ao tabuleiro.
Porém, se analisarmos um pouco mais de forma imanente, encontramos algo de suma importância para equivaler aos jogadores do nosso exemplo, e tão importante quanto eles. Perceba que sem os jogadores a partida não aconteceria, não haveria sequer o movimento das peças, nem seriam tiradas de nossa caixinha, lembra dela? Nosso impulso inicial. Nem este aconteceria se não fossem os jgadores desta partida.
E o que seria tão importante quanto os jogadores deste exemplo? olhe sua volta, perceba, o que move o mundo ao seu redor? o que faz as coisas saírem do lugar em que elas estão e tomarem outras direções? o que que está em poder de todos e ao mesmo tempo de cada um e pode transformar a realidade, de forma tão sutil que as vezes não se percebe nem as consequências, como no descobrimento do Brasil, supracitado?
A mão dos nossos ilusórios jogadores move as peças do jogo, assim como a intersubjetividade move o mundo! sim, a intersubjetividade é de suma importância em todas as situações, tão relevante que, se voltarmos ao nosso exemplo, ela chega a acontecer de forma atemporal, quando, em nossa contemporaneidade enxadrística, colocamos a maiêutica socrática para dialogar com a pedagogia tomista, loucura? Não, intersubjetividade

Muitas questões sem resposta? talvez sim, talvez muita baboseira tenha sido escrita, porém aí está o poder da intersubjetividade, eis a aí uma grande chave que abre as portas para muitas outras partidas de xadrez, que permitirá dialogar com este texto e dar um novo rumo a esta grande partida, as peças estão colocadas e se movendo, isso são relações intersubjetivas, a intersubjetividade move o mundo!




A RESPOSTA DO POETA
O que depende de mim? Observar a
vida e em cada tragédia encontrar poesia?
Poesia não é remédio para este seu tédio.
Poesia não é ciência, muito menos filosofia.
Poesia não é efêmera, nem tão pouco vazia.
Se para ti isso é poesia, então não
te prenda a ela um só segundo do teu dia.
Poesia é alma na ponta do lápis
Coração espalhado no papel e
da vida um frágil véu.
Canção suave e confusa uma pequena torre
de babel na construção das palavras quer alcançar o céu.
Sim, palavras soltas, livre de seu sentido.
Eis aí a única coisa a qual me obrigo.
Revelo o além das palavras, no aquém de seus significados.
Eis minha tarefa, eis minha poesia.
Meu olhar no dia-a-dia e, nas rimas de cada verso
A música da vida em harmonia.
Rodrigo Emerim. Nota sobre o autor: Rodrigo é Seminarista e
graduando em filosofia pela faculdade São Luiz, em Brusque-SC
O segredo e o mistério da vida


Amor ao Amazonas

Eu e o Mar


Tasselo Brelaz é graduado em Filosofia pela Faculdade São Luiz e Pós-graduado em Psicologia Jurid.

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